sábado, 1 de junho de 2013

Como tudo começou...

Lembro-me sempre com muito carinho da minha professora da pré-escola e do meu primeiro ano, a profa. Letinha, uma senhora de cabelos bem branquinhos, muito educada e rígida. Ela fazia chamada oral individual em sua mesa uma vez por semana, e, para mim, que sempre fui uma criança muito tímida, não era nada fácil - tinha de estar com a lição de casa na "ponta da língua"-, lembro que toda a nossa turma entrou no primeiro ano alfabetizada. Estudei com a Cartilha Caminho Suave, adorava os desenhos e aquelas letras tão redondinhas, bem feitinhas; para minha frustração, sempre tive a letra meio agarranchada, por mais que minha mãe falasse e eu me esforçasse para caprichar no caderno de caligrafia . Há cerca de dois anos estava na Livraria Cultura na seção de livros infantis, quando no deslizar do olhar deparei-me com um exemplar da minha cartilha. O inesperado me deixou até emocionada, nem sabia que ainda era editada! Fui recordando com o folhear das páginas aquele tempo e, aos poucos, as minhas lembranças percorreram as salas do externato, as suas escadarias de madeira e no caminho fui encontrando com as fisionomias e os sorrisos dos meus colegas de infância, as aulas e as brincadeiras na hora do recreio. A alfabetização é uma grande conquista, é o princípio, como se fosse o transpor de um portal iniciático, pois por meio dos livros podemos conhecer, pelo menos em parte, a memória da humanidade, aquilo que nos precedeu, entender o porquê do nosso pensamento e o das outras pessoas, nossas comtemporâneas ou de outras épocas. Percebi esse mundo, por volta dos nove anos ao ler enciclopédias, tínhamos em casa a Barsa e a Conhecer e o meu pai tinha mania de ler sempre algum dos livros depois do jantar, e eu, por meio do exemplo dele, adotei a prática e adorava fazer as leituras também, folhear os livros e descobrir coisas novas. Também li muito gibi, adorava o Tio Patinhas e toda a turma da Walt Disney, me lembro dos almanaques que eram os meus preferidos e os manuais, livros de capa dura quinzenais que saíam aos domingos nas bancas e os livrinhos dos contos de fadas. E o destino foi muito generoso com a nossa turma da escola porque da quinta série até a oitava série tive uma professora de português maravilhosa, a D. Teresinha, nesse período li muitos paradidáticos que despertaram ainda mais o meu gosto pela leitura. O primeiro deles foi o "Xisto e o Saca-rolha", só larguei o livro quando terminei de ler, ele era fino, li tudo em uma tarde. A partir da sétima série começaram os clássicos da literatura brasileira. Nós fazíamos prova de todos os livros. Tive o privilégio de comparecer à festa oferecida a minha querida professora Teresinha quando deixou de lecionar em 2009 na escola em que estudei do pré à oitava série e pude rever vários colegas de infância que não tinha mais contato (esse "revival" só aconteceu graças à internet), nessa ocasião comentamos a importância das leituras na nossa formação por intermédio das atividades estudadas nas aulas de português. No que tange a leitura e a todo enriquecimento que ela imprime a alguém, estas três pessoas foram importantes para mim: meu pai, professora Letinha e professora Teresinha. Minha gratidão a eles. Rosângela Cardoso Marques

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